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31 de outubro de 2020

Essa é a única história que eu decorei (praticamente palavra por palavra) para contar. Como vocês já devem ter percebido eu gosto de contar as histórias seguindo um roteiro memorizado, mas inventando as rimas e os detalhes na hora, inclusive variando conforme a idade da plateia. Mas não essa. É que ela tem esse toque da genialidade do Chico Buarque e além de ser uma história ela é também uma poesia…

Mas confesso que demorei quase cinco anos para encontrar um jeito de contá-la que agradasse meus alunos, tentei contação branca, teatro de mesa, contação interativa… enfim, nada funcionava. Mas é uma história de que eu gostava tanto, que eu tentava de novo e de novo, até o dia em que contei ela sem nenhum recurso, além de uma teatralidade bem acentuada no contar. Foi um sucesso com meus alunos, desde os de 3 anos até os de 12. E hoje só conto ela assim, como vocês podem ver aqui no vídeo a seguir…

Espero que gostem.

https://youtu.be/BfNaQP3AosU

….Tralalalalá, a História Vai começar….

CHAPEUZINHO AMARELO
(Chico Buarque de Holanda)

Era a Chapeuzinho Amarelo
Amarelada de medo
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria
Em festa, não aparecia
Não subia escada, nem descia
Não estava resfriada, mas tossia
Ouvia conto de fada, e estremecia
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha

Tinha medo de trovão
Minhoca, pra ela, era cobra
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra.


Não ia pra fora pra não se sujar
Não tomava sopa pra não ensopar
Não tomava banho pra não descolar
Não falava nada pra não engasgar
Não ficava em pé com medo de cair
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo


Assim era a Chapeuzinho Amarelo, amarelada de medo
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.

Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.


Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo

do medo de um dia encontrar um LOBO
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.


Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.


O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.


Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber
com quem ela estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO


Aí, Chapeuzinho encheu e disse:

“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.


Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.
FIM

….MÚSICA E ATIVIDADE….

Para essa história sugiro uma música que é também uma brincadeira. A música do chapéu de 3 pontas (símbolo do contador de histórias).

Nessa canção cada palavra tem um movimento, a música é curta e se repete diversas vezes, mas a cada repetição uma das palavras deixa de ser cantada e só é feito seu movimento, até que a música aconteça inteira apenas com movimentos e os artigos de cada frase. Depois podemos fazer o movimento contrário, voltando uma palavra a cada repetição.

Para aprender, veja o vídeo do Quintal Musical:


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