BORBOLETA LETA
Um dia saiu do ovo uma pequena lagarta. Sentia-se tão só e abandonada, não podia andar e por isso rastejava, pela lama se arrastava, pois sua mãe havia botado seu ovo no meio do nada.
-Sinto tanta fome, me sinto tão sozinha… – dizia a lagartinha.
Depois de se arrastar por muitos dias sem encontrar nem mesmo uma folha verde pra se alimentar, a lagarta chegou em uma horta. Não era uma horta muito bonita, daquelas cheias de legumes, raízes e verduras, na verdade era uma horta quase abandonada, nela havia apenas um pé de alface roxa, muito bonita e vistosa, e um pé de couve, uma couve manteiga daquela bem comum, pouco valiosa.
Quando a lagarta chegou lá, já estava quase morrendo de fome, com muito calor por conta de todo o sol que ela tomara, atravessando aquela região desolada.
-Olá! Bom dia! Vocês podem me dar uma folhinha para matar minha fome? Pode ser uma pequenininha.
-Ora! Era só o que me faltava!- disse a alface indignada- Já não basta crescer nessa horta abandonada, ainda vou ser comida por uma horrorosa lagarta. Nem pensar. Vá para longe de mim.
-Que é isso dona Alface, não seja assim!- falou a Couve apiedada vendo a pobre lagarta quase morta de tão cansada- Eu deixo você comer a minha folha, tome, pegue essa bem novinha e venha descansar na minha sombra Lagarta pequenina. Não ligue para a dona Alface, minha vizinha, ela é roxa de orgulho mas no fundo, apesar da amargura, não é uma má verdura.
A pequena Lagartinha, muito agradecida, comeu a folha que a Dona Couve lhe oferecia, era tão saborosa e macia que a lagarta comeu ela inteirinha, mas a couve tinha muitas folhas, uma só não lhe faria falta.
Depois de encher a pança a lagarta, bem cansada, se pendurou em uma galho da Couve, aproveitando a sombra e dormiu toda enroladinha.
Passaram-se dias.
-Até quando essa lagarta horrorosa vai ficar dormindo aí e enfeiando nossa horta?- quis saber a dona Alface, desdenhosa.
-Ora, deixe-a dormir.- disse a Couve, sempre educada- A coitada da lagarta fez uma viagem longa e muito dura a procura de comida antes de chegar na nossa casa. Ela pode não ser bonita, mas sinto que ela é bondosa e vejo que é persistente e muito grata. Dê uma chance pra Lagarta.
-Pra ela deixar nossa horta horrorosa? Não senhora. Vou acordá-la agora e pô-la daqui pra fora.
Mas assim que a dona Alface falou o casulo onde a lagarta dormia rachou e, aos poucos, com muito esforço, foi saindo lá de dentro a nossa amiga Lagartinha transformada na borboleta mais linda.
A Couve e a dona Alface olhavam-na estupefatas.
-Uau, que borboleta mais linda. Onde está a horrorosa lagarta?
-Sou eu mesma dona Alface, pelo amor da minha amiga Couve fui transformada. Agora é tempo de viajar. Me espere amiga Couve pois eu logo vou voltar.
E a borboleta Leta viajou pelos quatro cantos do mundo buscando matar a fome que ainda sentia, mas não era mais fome de comida, era fome de conhecimento.
Na cidade Leta conheceu o cachorro Kiko, que se mostrou um grande amigo e ensinou pra Leta sobre lealdade e o valor da amizade.
No campo conheceu o cavalo Paco, que lhe ensinou a importância da liberdade e de falar sempre a verdade.
Na praia conheceu o peixe Palhaço, que lhe ensinou a olhar sempre pelo outro lado e ver que tudo tem um lado bom.
Em terras muito distantes e isoladas conheceu a dona Girafa que lhe ensinou que para ver com clareza é preciso se afastar e também lhe ensinou a sempre perdoar.
Depois de muito viajar e aprender a borboleta Leta sentiu que finalmente estava pronta pra ensinar, voltou para a sua casa-horta e abriu uma linda escola, para todos os tipos de pequenos animais.
Dona Alface ficou muito feliz com a volta da borboleta e prometeu que nunca mais ia desrespeitar outras lagartas e nem julgar pelas aparências. Hoje em dia a dona Alface anda até mais arroxeada de tão animada que está com o movimento da horta, causado pela nova escola. Os alunos plantaram muitos legumes e verduras novas e a dona Alface, todos os dias, lhes dá aulas de canto e na hora do recreio deixa que os pequenos insetos usem suas folhas como balanço.
Dona Couve cuida de tudo na escola, também está muito feliz com todo o movimento da horta e, principalmente, por ter de volta a companhia da sua grande amiga: a borboleta Leta que um dia foi a Largatinha.
FIM
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