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25 de setembro de 2020

O Ziraldo é um dos meus autores preferidos quando o assunto é literatura infantil, mas além de escritor ele é também desenhista e, talvez por isso, as suas histórias são muito visuais e certamente por esse motivo são as minhas preferidas quando se trata de fazer uma contação com o livro na mão, contando e mostrando as imagem.

Meu trabalho em diversas escolas me levou a perceber que esta técnica é a preferida da maioria das professoras, sendo assim eu aproveito para explorar técnicas diferentes e raramente faço contação com livro.

Mas essa história do Ziraldo é das minhas preferidas desde criança, acho que eu sempre me senti um pouco Flicts e eu adoro contá-la, mas não é que experimentei várias técnicas para não usar o livro e nenhuma funcionava como tinha funcionado no começo, quando eu contava com o apoio do livro…

Então fiz um teste, usei cartazes no lugar do livro, alguns só com as folhas inteiras de uma cor, outros com ilustrações feitas por mim mesma (do arco-íris, da caixa de lápis de cor, etc) e conforme a história ia passando eu ia apresentando um ou outro cartaz… deu muito certo, as crianças se mantiveram super interessadas e desde então eu só conto ela assim.

Segue então a minha versão dessa história do Ziraldo, na verdade bem pouco alterada da versão original…

….Tralalalalá, a História vai começar….

FLICTS (Ziraldo)

Era uma vez uma cor muito rara e muito triste que se chamava Flicts.

Não tinha a Força do vermelho, não tinha a imensa luz do amarelo, nem a paz que o azul tem.

Era apenas o frágil e feio e aflito Flicts.

Tudo no mundo tem uma cor, tudo no mundo é azul, cor de rosa ou furta cor,  é vermelho, amarelo, roxo, violeta ou lilás. Mas não existe nada no mundo que seja Flicts.

Nem a sua solidão.

Flicts nunca teve par. Pobre cor, nunca teve seu lugar num espaço bicolor (e tricolor muito menos – pois já dizia minha avó: um é pouco, dois é bom, mas três sempre é demais!).

Não. Não existe no mundo nada que seja Flicts. Mas Flicts queria achar seu lugar, queria ter uma par, por isso saiu a procurar.

Na escola, a caixa de lápis de cor, cheia de lápis de colorir paisagem, casinha com cerca e telhado, árvore, flor, caminho, laço, ciranda e fita.

Tão colorida, tem tanta cor… mas não tem lugar para Flicts.

Quando volta a primavera e o parque todo e o jardim todo se cobrem de flores de todas as cores. Nem uma cor ou ninguém quer brincar com o pobre Flicts.

Um dia ele viu no céu, depois de uma chuva cinzenta, a turma toda feliz saindo para o recreio e se chegou pra brincar:

-Deixa eu ficar na Berlinda? Deixa eu ser a cabra-cega? Deixa eu ficar no pique? Deixa eu ser o cavalinho?

Mas ninguém olhou para ele. Só disseram frases curtas, cada um por sua vez:

-Sete é um número tão bonito.- disse o vermelho Vermelho.

-Não tem lugar pra você!- disse o Laranja.

-Vai se olhar no espelho! – disse o Amarelo.

-Somos uma grande família. – disse o Verde

-Temos um nome a zelar. – disse o Azul.

-Não quebre uma tradição.- disse claro o Azul anil.

-Por favor, não queira mudar a ordem natural das coisas. – disse o violento Violeta.

E as sete cores se deram a mão e à roda voltaram e voltaram a girar.

E mais uma vez deixaram o frágil, feio e aflito Flicts na sua branca solidão.

Mas Flicts não se emendava (e porque se emendar? Não era bom viver tão só.). Ele saiu a procura de um emprego pensando que o trabalho seria a sua salvação. Foi procurar uma vaga em uma bandeira de alguma nação.

-Será que eu não posso ter um cantinho ou uma faixa, em escudo ou brasão? Em bandeira ou estandarte de qualquer parte?

-Não há vagas- falou o Azul.

-Não há vagas.- sussurrou o Branco.

-Não há vagas!- berrou o Vermelho.

Mas existem mil bandeiras, trabalho pra tanta cor. E Flicts correu o mundo a procura do seu lugar. E Flicts correu o mundo…

Pelas terras mais antigas. Mas nem mesmo nas terras mais novas, nem as bandeiras novas e as bandeiras todas que ainda serão criadas se lembraram de Flicts, ou pensaram em Flicts para ser a sua cor, não tinham para ele nem um lugar em uma estrela, uma faixa ou uma inscrição.

Nada no mundo é Flicts ou ao menos quer ser.

O céu por exemplo é Azul e todo do Azul é o mar.

-Mas quem sabe o mar? Quem sabe…- pensou Flicts agitado.

O mar é tão inconstante. É cinzento se o dia está cinzento, como um imenso lago de chumbo.

 E muda com o Sol ou com a chuva, negro, salgado ou vermelho. O mar é tão inconstante, tantas cores tem o mar, mas para o pobre do Flicts suas cores não deram lugar.

E o pobre Flicts continuava a procurar, procurava alguém para ser seu par, um companheiro, um irmão, um amigo complementar.

Em cada praça ou jardim, em cada rua ou esquina perguntava:

-Posso ser seu amigo?

-Não.- lhe diz o vermelho.

-Espera.- o amarelo diz.

-Vá embora!- manda o verde.

Um dia Flicts parou! E parou de procurar.

Olhou para longe, bem longe. E foi subindo e subindo. E foi subindo e sumindo. E foi sumindo e sumindo. E foi sumindo e sumiu.

Sumiu que o olhar mais agudo não podia adivinhar para onde que tinha ido. Para onde tinha se escondido. Em que lugar se escondera o frágil, feio e aflito Flicts.

E hoje com dia claro, mesmo com o Sol muito alto, quando a Lua vem brigar com o brilho do Sol, a Lua é Azul.

Quando a Lua aparece no fim da tardes de outono, do outro lado do mar, como uma bola de fogo, ela é redonda e Vermelha.

E nas noites muito claras, quando o céu e só dela, a Lua é ouro e prata, grande bola Amarela.

Mas ninguém sabe a verdade (a não ser os astronautas) que de perto, de pertinho a Lua é Flicts!

 FIM

….MÚSICA….

Para a abertura dessa história deixo como sugestão a música As Cores, de Marcelo Serralva.

….ATIVIDADE….

Descobrindo as Cores

Para essa atividade você vai precisar de:

Uma folha de papel branca e grossa (de preferência a folha para tinta aquarela).

Tinta aquarela das três cores primárias (azul, vermelho e amarelo).

1 Pincel

Àgua.

Primeiro a criança deve pintar o papel inteiro usando apenas água, mas sem exageros para a folha não rasgar. O segundo passo é pintar metade da folha com a tinta amarela em um recorte horizontal. Em seguida a tinta azul deve pintar metade da folha em um corte vertical, começando da parte sem nada para terminar cobrindo um terço da parte pintada de amarelo. Por fim a tinta vermelha deve ocupar a parte que ficou em branco e ainda se cobrir um terço da parte amarela e verde (o verde terá surgino no pedaço onde o azul e o amarelo se misturam) e um terço da parte azul e verde.

Assim o papel terminará todo pintado formando as seis principais cores: amarelo, verde, azul, violeta, vermelho e laranja.

Com essa atividade a criança descobre naturalmente como se formam as cores secundárias, além de aproveitar todos os benefícios que a pintura com aquarela traz por si só para o desenvolvimento dos pequenos.

Boa diversão!

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